lunes, noviembre 30, 2015


FERNANDO PESSOA

 
Fernando António Nogueira Pessoa

[Lisboa 1888 - + 1935]

El escritor portugués más profundo y más leído del siglo XX. Nacido en Lisboa, en marzo de 1914 hizo nacer allí a sus heterónimos vueltos tan famosos como él: Alvaro de Campos, Ricardo Reis y Alberto Caeiro porque entendió que la ventaja de la heteronimía es que el poeta puede expresarse por medio de otras voces sin dejar de ser él, el ortónimo. “Un recurso para vivir muchas vidas sin morir muchas muertes…”

Extraño, escéptico, manejador exquisito de la ironía, vivió cuarenta y siete años. Gran tomador, fiel al aguardiente Águia Real, fue internado de urgencia debido a un cólico hepático, tal vez producido por una cirrosis. Murió al día siguiente el 30 de noviembre de 1935.

FERNANDO PESSOA

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

a dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

na dor lida sentem bem,

não as duas que ele teve,

mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

gira, a entreter a razão,

esse comboio de corda
que se chama coração.



RICARDO REIS

Não quero, Cloé, teu amor, que oprime

 Não quero, Cloé, teu amor, que oprime

porque me exige o amor. Quero ser livre.

 
A esperança é um dever do sentimento.

 1-11-1930

FERNANDO PESSOA

LOUCURA

Fito-me frente a frente
e conheço quem sou.

Estou louco, é evidente,

mas que louco é que estou?


É por ser mais poeta
que gente que sou louco?

Ou é por ter completa
a noção de ser pouco?

 
Não sei, mas sinto morto

o ser vivo que tenho.
Nasci como um aborto,

salvo a hora e o tamanho.                                         

30-3-1931.
 

 

No hay comentarios.: